Um estudo publicado na revista científica Clinical Biomechanics trouxe novas evidências sobre o tratamento da hérnia de disco lombar e dores no nervo ciático — condições que afetam milhões de brasileiros e impactam diretamente a qualidade de vida.
O trabalho comparou os efeitos da musculação supervisionada com o tratamento tradicional à base de analgésicos e repouso. O resultado? O grupo que fez exercícios apresentou melhora superior na dor e na função motora, com benefícios que se mantiveram por mais tempo.
Como o estudo foi feito
A pesquisa foi conduzida com 70 voluntários, todos com diagnóstico confirmado de hérnia de disco lombar por ressonância magnética. Os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos:
- Grupo Exercício: realizou treinamento de força supervisionado 5 vezes por semana, com foco em músculos do tronco, quadril e pernas. Também recebeu orientações sobre atividades diárias.
- Grupo Remédios (controle): passou 3 semanas em tratamento com analgésicos e relaxantes musculares, seguidas de 3 semanas com compressas quentes. Recebeu as mesmas orientações sobre atividades de vida diária.
Os dois grupos foram avaliados em três momentos: no início, após as 6 semanas de tratamento e novamente 3 meses depois.

Resultados claros: exercício é mais eficaz
Ambos os grupos mostraram melhora, mas os participantes do grupo que treinou força tiveram redução mais acentuada da dor e melhora funcional.
Testes como a Escala Visual Analógica de Dor (VAS) e o Straight Leg Raise (SLR) indicaram que o grupo dos exercícios teve melhora clínica relevante, incluindo alívio dos sintomas de ciática.
Mais importante: os benefícios se mantiveram após três meses no grupo que realizou exercícios físicos. Já o grupo controle apresentou regressão parcial dos ganhos, sugerindo que o uso isolado de medicamentos e repouso pode não ser suficiente para tratar adequadamente o problema.
O que isso significa na prática?
Para quem convive com hérnia de disco lombar ou dor no ciático, a prática regular de exercícios de força — desde que supervisionada por profissionais qualificados — pode ser uma alternativa mais eficaz e segura do que apenas tomar medicamentos e evitar movimentos.
Além de reduzir a dor, o treinamento melhora a função muscular, a mobilidade e a capacidade de realizar tarefas do dia a dia, o que favorece um retorno mais rápido à rotina e melhora da qualidade de vida.
Segundo os autores, o exercício oferece uma abordagem ativa e sustentável de tratamento, enquanto o uso exclusivo de fármacos pode mascarar a dor sem tratar a causa.
REFERÊNCIA
AHMADI, Bijan; ARJMAND, Nima; SHAMSI, Mojtaba. Comparative evaluation of the effect of resistance exercise and standard treatment on pain and functional limitations in patients with lumbar herniated disc: A randomized controlled trial. Clinical Biomechanics, [S.l.], v. 91, p. 105553, 2021.